terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Confesso

O ano que passou foi bem difícil para mim. Foi um período em que minha vida deu uma desiquilibrada geral. Com isso, me senti excessivamente perdida como mãe. Foi a primeira vez que questionei não ser capaz de criar e educar meus filhos.
Uma série de fatores me levaram a entrar nessa fase ruim, mas a boa verdade é que a chegada dos dois anos das gêmeas me desestruturou. Costumo brincar que trocaram minhas filhas. Quando me perguntavam (e isso acontecia e acontece com certa frequência) como eu conseguia, a resposta fluia abraçada a um gostoso sorriso, pois enchia a boca para dizer que minhas filhas eram ótimas, calmas e que não davam qualquer trabalho.
Mas a situação se transformou com os dois anos. Elas ficaram terríveis de arrepiar, agitadas, respondonas e começaram a aprontar cada coisa. Deram até para dizer que uma era a outra (tudo bem, confesso que essa parte é leve e engraçada) e a colocarem a culpa dos seus atos em outras pessoas. Dia desses mesmo disseram que o Caio (que estava dormindo) havia lavado o sofá de suco, isso porque elas também estavam totalmente molhadas da bebida. Me sinto perdida e tenho que dizer que não sei direito como ensiná-las a não mentir (porque colocar a culpa no outro é mentira, né?).
Bom, quando o quesito é educação também confesso que passei por todas as fases: já abaixei para ficar na altura delas e olhando nos olhos explicar o que é certo e errado; deixei pensando no cantinho da disciplina pelo tempo indicado pelas nannys da TV, ou seja, um minuto por idade e, por fim, surtei total, passando para a fase das palmadas.
Sei que a partir de agora muitos estão me recriminando e deixarão de ler meus textos, mas sou cristã e a Bíblia ordena que disciplinemos com a vara. Então sinto até que estou pecando porque nem vara tenho, só uso mesmo as mãos com força suficiente para arder a parte mais fofa do seu corpinho, mas sem machucar. Espero que isso dê certo, porque elas andam me ignorando por completo quando dou bronca ou chamo a atenção.
Estou tão, tão, tão cansada fisicamente e emocionalmente. Mas, nem assim queria abrir mão de ser mãe full time - amo demais isso. Claro que minha vida sem babá, emprega, avó disponível é bem complicada, ainda mais trabalhando em casa. Ainda assim não queria deixar de acompanhar o desenvolvimento e descobertas das minhas pequenas.
Por mais de dois meses fui dormir digerindo a ideia de colocá-las numa escolinha, mas essa não era a minha vontade. Acho que as meninas ainda são muito novinhas para "estudar" e acabo sentindo que estarei terceirizando a educação delas. Sei que a realidade não é essa, então, mães mais resolvidas de plantão: ignorem minha angústia, mesmo que ela seja infundada.
Enfim, nessa primeira semana de 2011 decidi que vão para a creche em período integral. Vai ser bom para mim, pois terei mais tempo para a casa (que está um caos e amo o meu lar) e para dar andamento aos meus estudos (este ano farei minha tão sonhada pós-graduação). Também terei mais tempo livre (e cabeça) para dar andamento a projetos iniciados e correr atrás de mais trabalho e oportunidades.
De repente sobrará até tempo para brincar de jogos de tabuleiro com o Caio, que ganhou uma porção de Natal mas ainda não estreou porque não tem com quem jogar. Então, estou certa que essa dolorosa decisão será o melhor para a minha família. Mas será ainda mais especial para mim. E esse é o pontapé inicial do ano novo, rumo à muitas realizações, se Deus quiser.